A falta de médicos no interior de Minas está obrigando os prefeitos a oferecer salários nos mesmos patamares dos que são pagos a executivos de grandes empresas. Em Jacinto, a 781 quilômetros de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha, a prefeitura paga R$ 23.800 mensais para um anestesista trabalhar no Hospital Bom Pastor, o único da cidade, que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O salário de anestesista oferecido em Jacinto é quase três vezes maior do que o pago ao prefeito Carlos Dantez Ferraz (PMDB). Mesmo assim, a vaga está em aberto há dois meses. “Os médicos preferem ganhar cerca de R$ 3 mil nas grandes cidades em vez de virem para Jacinto, onde o menor salário da categoria é de R$ 12 mil. As pessoas não querem trabalhar em locais pobres, longe das grandes cidades”, reclama Ferraz.
O salário de anestesista em Jacinto é o maior pago a um profissional em Minas, conforme consta no site Catho, um dos maiores do Brasil em recrutamento. Na mesma cidade, há uma vaga de ortopedista, aberta há dois meses, com salário de R$ 19 mil. A dificuldade para encontrar alguém é a mesma.
Com a falta de médico, a prefeitura é obrigada a comprar ônibus, vans e ambulâncias para levar os pacientes a outras cidades onde há infraestrutura. Segundo o prefeito, são seis veículos e um ônibus que sempre estão levando pacientes para Teófilo Otoni e Belo Horizonte. Mesmo com uma frota grande, Ferraz lembra que muita gente fica na fila.
“Só conseguimos pagar salários altos porque seis prefeituras criaram um consórcio intermunicipal. Cada município contribui com uma parte, além de um complemento que é pago pelo Hospital Bom Pastor”, explica o prefeito de Jacinto.
fonte:diariodojequi