'Desigualdade faz do Brasil um país de pobres'

Para o professor, Minas reflete a heterogeneidade do Brasil em termos de desigualdade social

O professor e coordenador do curso de Ciências Econômicas do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-MG), Márcio Antônio Salvato, falou nesta segunda-feira (24/10/11) sobre as desigualdades regionais no Estado, uma das maiores do Sudeste, segundo ele. Salvato fez a terceira palestra da solenidade de abertura da etapa final do  "Seminário Legislativo Pobreza e Desigualdade”, que vai até esta quarta (26) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O seminário teve 12 encontros regionais no interior com a finalidade de levantar propostas para a erradicação da miséria no Estado.

Na opinião do professor, Minas Gerais reflete a heterogeneidade do Brasil, em termos de pobreza e desigualdades sociais. “O Sul e o Sudoeste do Estado, onde há maior renda per capita, corresponderiam a São Paulo e à região Sul do País, enquanto o Leste e o Nordeste de Minas representariam mais o Nordeste brasileiro”, comparou. Salvato afirmou, também, que as cidades mineiras são muito distintas umas das outras, e que é preciso, portanto, trazer a discussão para a esfera municipal: ver quais ações contra a desigualdade e a pobreza devem ser tomadas, respeitando as especificidades locais, para que se atinja as pessoas que estejam em maior nível de miséria.

Crescimento e distribuição de renda - Para o palestrante, ao analisar números do Estado dos anos 70 aos 2000, a desigualdade regional continuou grande e pouco mudou. Segundo afirma, nas regiões mais pobres de Minas, houve concentração de renda no período. Ele disse que "os locais mais pobres não estão caminhando em direção às regiões mais ricas”, ainda que a renda per capita em Minas esteja crescendo, segundo dados levantados pelo professor. “Crescemos muito, mas Minas não se preocupou com a redistribuição de renda. E, apesar de ter havido a queda da pobreza ao longo dos anos, ela poderia ter sido muito maior”, ponderou.

Salvato destacou que, para que haja redução eficaz da miséria e das desigualdades no Estado e no País, será preciso conjugar sempre dois fatores: crescimento e distribuição de renda. Para ele, embora o Brasil não seja um país pobre, por ter alta renda per capita, a desigualdade social é tão grande que o faz ser um país de pobres.

Educação e renda - Em sua fala, o palestrante disse que é preciso, ainda, que políticas adequadas sejam tomadas no Brasil e em Minas Gerais, para que se mude o quadro atual de pobreza e desigualdades. A longo prazo, seria urgente promover a requalificação de mão-de-obra e a redução da desigualdade educacional dentro de regiões e municípios. Isso diminuiria, principalmente, a demanda por programas de transferência de renda. Na opinião de Salvato, esse tipo de programa é hoje uma das medidas mais importantes a serem tomadas a curto prazo. Em sua análise, os programas de transferência de renda precisam continuar, já que o "buraco da pobreza é muito fundo".

Debate - Ao final da palestra, foi aberto espaço para que todos os presentes no Plenário opinassem sobre as questões levantadas durante a manhã do primeiro dia da etapa final do seminário. Marcos Vinícius, do Fundo Cristão para Crianças, disse que o evento é “um momento ímpar para os mineiros”. Muitos representantes de entidades sociais do interior do Estado também elogiaram a iniciativa do seminário. Alguns criticaram ações governamentais e outros relataram experiências locais.

Em sua fala final, o primeiro palestrante do dia, Patrus Ananias, ressaltou que é preciso que todos se perguntem o que podem fazer pelo fim da pobreza. “Os direitos não caem do céu, precisam ser conquistados”. A segunda palestrante, Carla Bronzo Ladeira Carneiro, disse que o “seminário é uma forma de conquista de direito, ao trazer para o público problemas concretos de cada região de Minas”. Já Márcio Antônio Salvato retomou pontos de sua fala durante palestra e destacou, referindo-se à pobreza e às desigualdades sociais: “saber que o problema existe é o primeiro passo para resolvê-lo”.

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Essas discurções são importantes para aumentar o conhecimento, e buscar soluções para vários problemas como a pobreza e desigualdades sociais, só assim é possível averiguar a dimensão do tema em debate. Precisa-se de iniciativas como a do seminário para mobilizar o maior número possível de pessoas a respeito de questões como essa.
Realmente faz-se necessária a discursão deste tema, pois apesar de existir varios projetos com finalidade de atenuar as grandes diferenças econômicas existente no Brasil, eles não têm sido suficientes para resolver os problemas das desigualdades no país. Já que a maioria deles não têm alcançado os resultados esperados.

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