HISTÓRIAS DE NEGRINHO - CRÔNICA # Antonio Cabral Filho - Rj

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Foto: ASSÉDIO MORAL O QUE É O assédio Moral é qualquer forma de violência psicológica e moral no trabalho, expondo o trabalhador a situações humilhantes, vexatórias e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. Esta prática atenta contra a dignidade e a saúde física e psicológica da vítima e compromete a carreira profissional do trabalhador. AS FORMAS DE ASSÉDIO Muitos indivíduos são vítimas de assédio moral e não sabem. Há várias formas utilizadas pelo assediador, algumas tão sutis que os demais colegas podem não perceber : ameaças constantes de demissão, ofensas, sobrecargas de trabalho, intimidações como chamar a atenção publicamente, apontar o dedo indicador para o rosto da pessoa, fazer gestos obcenos em direção à pessoa, dificuldades criadas para a execução da função, isolamento ou desmoralização publica do funcionário, desvalorizar o trabalho realizado, impedir os colegas de conversar ou cumprimentar a vítima etc. É considerado também como assédio moral desviar o trabalhador de suas funções originais sem justificativa, ou insistir que cumpra tarefas de dificuldades superiores ou muito inferior ao seu conhecimento e função, com a intenção de humilhá-lo e hostilizá-lo. Sugerir ao trabalhador que peça demissão, divulgar boatos sobre a sua moral, advertir em função de ausências por motivos de saúde ou porque reivindicou os seus direitos, estão inclusos entre as formas de assédio moral. O QUE PODE ACARRETAR A vítima de ASSÉDIO MORAL tem sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais comprometidas, com prejuízos à sua saúde física e mental que podem repercutir negativamente em seu desempenho profissional. O assédio pode levar o indivíduo a sofrer estados profundos de depressão, ausência de autoestima, vergonha, mágoa, revolta, raiva e, em alguns casos, pode resultar em suicídio ou levar à morte por doenças causadas ou agravadas por esta prática. Obs: Este texto foi encontrado na parede do banheiro do ASSAÍ CAMPINHO e foi entregue pelo Prevenção Henrique, que se demitiu por depressão.) COMO ENFRENTAR O primeiro passo tem que ser a reunião de testemunhas, pelo menos duas; o segundo passo, contratação de um advogado e, o que é fundamental, o terceiro passo: deixar o assediador à vontade, pois é importante que ele continue agindo da mesma maneira, para não descaracterizar a SITUAÇÃO.
Não sei como ocorre com os outros a apropriação de um tema. Sei comigo, das minhas dúvidas interdisciplinares, perguntas sem respostas vindas lá da mais tenra infância, quando via meu pai humilhando empregados da fazenda onde ele era apenas um encarregado sem importância, e eu me inquiria do " por quê " de os outros serem obrigados a trabalharem mais rápido e ele não se dignar a ajudá-los, carregando sacos de seriais também.
Lembro-me que certa vez apanhei porque pusera um saco de milho no carrinho de mão e o levara até ao caminhão para o ajudante jogá-lo para cima. Lembro-me como ele gritou " cê num é ninhum nigrinho! ".
Daí em diante, essa palavra cravou em minha alma e muitas vezes ela queimou o meu rosto, fosse fazendo frete nas feiras livres, fosse virando concreto nas obras, ao ser discriminado por ser um "Nigrinho".
Mas cada vez que tive oportunidade, fui estudando no folclore brasileiro e na história social do país, a presença de casos envolvendo o povo negro, sobretudo as crianças. O mais emblemático deles, para mim, é o Negrinho do Pastoreio, que podemos conferir abaixo...
"O Negrinho do Pastoreio é uma lenda afro-cristã. Muito contada no final do século XIX pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular na região Sul do Brasil.
Na versão da lenda escrita por João Simões Lopes Neto, o protagonista é um menino muito negro e pequeno, escravo de um estancieiro muito mau; este menino não tinha padrinhos nem nome, sendo conhecido como Negrinho, e se dizia afilhado da Virgem Maria. Após perder uma corrida e ser cruelmente punido pelo estancieiro, o Negrinho caiu no sono, e perdeu o pastoreio. Ele foi castigado de novo, mas depois achou o pastoreio, mas, caindo no sono, o perdeu pela segunda vez. Desta vez, além da surra, o estancieiro jogou o menino sobre um formigueiro, para que as formigas o comessem, e foi embora quando elas cobriram o seu corpo. Três dias depois, o estancieiro foi até o formigueiro, e viu o Negrinho, em pé, com a pele lisa, e tirando as últimas formigas do seu corpo; em frente a ele estava a sua madrinha, a Virgem Maria, indicando que o Negrinho agora estava no céu. A partir de então, foram vistos vários pastoreios, tocados por um Neguinho, montado em um cavalo baio.1"
Poderia lhes contar inúmeras histórias sobre o "aparecimento" do Saci ou porque só apresentam o capeta como um preto, mas vamos deixar isso pra depois. Quero lhes mostrar algo mais. Como morador de Jacarepaguá, gosto de investigar certas histórias. Daí, fui fazer uma pesquisa sobre a Santa Nossa Senhora da Penna, cuja igreja fica no topo da Pedra do Galo, Freguesia, e venerada como protetora dos escritores e jornalistas. Leiam: "Narra a lenda que um pequeno escravo perdeu de vista a vaca que tomava conta, sendo ameaçado de punição por seu senhor se não a encontrasse. Muito aflito, o menino pediu ajuda à Virgem Maria. Nesse exato momento do alto da Pedra do Galo, surgiu Nossa Senhora apontando para o lugar onde se encontrava o animal desaparecido. O milagre foi presenciado pelo fazendeiro, que, em agradecimento à Virgem, mandou construir a ermida e alforriou o escravo.( Aventura na História de Jacarepaguá, pag 95, Waldemar Costa )"
Vejam como a presença do Negrinho se faz forte na construção do imaginário escravista, apresentando mais uma forma de subjugar o negro desde as suas raízes, a infância. Neste caso aqui, a semelhança com o Negrinho do Pastoreio é total.
Mas tudo isso só vem configurar o modo "natural" de usar o negro como estigma de submissão, da mais escrachada expressão de racismo, evitando expor grandes exemplos da escravidão europeia  anglo-saxônica, que produziram grandes rebeldes, como Robin Hood, conhecido por roubar dos ricos para dar aos pobres, o que leva-me a perguntar "Por que não apresentar um herói branco, que foi submetido por seus iguais? Qual é o problema, é a cor?" E eis que me deparo com a imprensa toda apresentando o mais novo exemplo de escravidão infantil negra, criado pelo grupo econômico que ocupa o quarto lugar na grade dos maiores do continente americano, decorando a área de padaria de suas lojas com a figura de um NEGRINHO: O Grupo Pão de Açúcar.
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Comentário de Antonio Cabral Filho em 28 abril 2014 às 22:01

Este deve ser um espaço de interação e troca de experiências entre os participantes da Rede de Jovens Comunicadores do Semi-árido Mineiro.

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