Um grupo de pessoas relacionadas com a área literária faz a seleção das dez melhores composições, que vão concorrer na Noite Literária com poemas. Além de serem premiados os três melhores textos, também há o reconhecimento do melhor intérprete da noite, que não necessariamente defende uma poesia de sua autoria.
Mariana Botelho, coordenadora dessa edição da Noite Literária, disse que o evento “é uma maneira de expressão, uma oportunidade que os poetas têm. São muitos os escritores de cordel e escritores sem nenhuma instrução poética que escrevem muito bem. A noite literária vem incentivar esses poetas e também o hábito da leitura.”
Durante o evento, foi aberto espaço para o lançamento de livros de escritores regionais e houve a apresentação do cantor Tau Brasil, de Fronteira dos Vales, que cantou e tocou para o púbico, enquanto era aguardado o resultado da apuração dos melhores da noite.
Tau Brasil cantou algumas músicas do repertório do projeto Tau Brasil Canta Elomar. O músico se mostrou muito satisfeito em fazer parte do evento e disse que “é um prazer imenso cantar na Noite Literária, principalmente Elomar, que tem tudo a ver com o evento, devido ao dialeto, à linguagem.” Tau considera Elomar o Guimarães Rosa da música brasileira.
Os premiados
A Noite Literária veio mostrar à cidade de Padre Paraíso um pouco da rica e vasta literatura do Vale do Jequitinhonha. O que se viu no palco foi uma verdadeira mostra do que os poetas da terra produzem de melhor. Os autores e intérpretes das dez poesias selecionadas proporcionaram ao público, presente na Câmara Municipal dos Vereadores, momentos de descontração.
Após o show de Tau Brasil, foram divulgados os premiados da noite:
1º Lugar – Tradução – Salomeja Guimarães (Araçuaí)
2º Lugar – Saudades de Maria – Juarez Freitas (Pedra Azul)
3º Lugar e melhor intérprete – Sabino Marcos (Pedra Azul)
“Participar do FESTIVALE é a porta de entrada para qualquer coisa que eu quisesse fazer em relação à poesia”, diz Salomeja Guimarães, vencedora da Noite Literária.
Tradução
Escrever algo que me traduza poeta,
Simplificara razões,
Suavizaria curvas,
Solucionaria equações,
Aprisionadas por tempos, nos meus sumidouros
De ausências e indagações
Seria uma atitude plausível
Uma carta na manga
Um cheque mate
Um plano B disponível.
A certeza relativa
No caos que me percebo
Da minha terceira via possível.
Seria um sem amem e sem Hosana
O revelar do meu olhar insano
Encarará minha retina cega
Que se recusa a refletir a lucidez urbana
E seguir me ferindo no escuro
Do intenso brilho sem luz
Que vem da lama.
Seria o alcançar do meu pensamento viageiro
Que vive percorrendo num ligeiro
A distancia entre os lugares
Fugindo do laço da saudade com delicados pés de andarilho
E ainda assim, ela insistente
No meu peito rodopia
Num balé peregrino e maltrapilho.
Seria vitrinar sem pudores
Meus doces amargos
Reconhecer sabores puídos
De tantas paixões, muitas dores e
Infinitos amores.
Com gestos miúdos
Pra não despertar surdos rancores.
Deparar com os meus tardes e os meus cedos.
Enfrentar minhas coragens
E situar meus medos.
No fim eu nua de mim
Fatiada em finas lâminas
Ter ampliado por estranhas lentes,
Os meus sentidos.
Vê-los deslizarem,
Entediados indiferentes embrutecidos
Entre escombros e labirintos desconstruídos.
Ver de fora
Os meus dentro com os seus espelhos estilhaçados
Onde habita
O que de mim é verdadeiro
Ao lado do meu outro eu o inventado”.
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